terça-feira, 9 de agosto de 2016

PASTORAL DO MIGRANTE ELEGE NOVA COORDENAÇÃO NO PARANÁ

Aconteceu neste final de semana, dias 06 e 07 de agosto, na Arquidiocese de Cascavel, o Encontro da Pastoral do Migrante do Regional Sul 2 – Paraná. Estiveram reunidas 35 pessoas de várias Arqui/Dioceses com o objetivo de partilhar o que foi realizado durante a Semana do Migrante 2016 e de eleger uma nova coordenação para a Pastoral. Houve um momento de formação e resgate do Marco Referencial da Pastoral do Migrante, orientado pelo Amauri Antonio Mossmann, secretário executivo da Caritas do Paraná.
A nova coordenação ficou assim constituída:
Bispo Referencial: Dom Laurindo Guizzardi (Foz do Iguaçu);
Coordenadora: Marcia Ponce (Londrina);
Vice-coordenador: Pe. Wilnie Jean (Cascavel);
Assessoras: Ir. Maria de Fátima Pereira e Ir. Inês Facioli (Londrina);
Secretária: Lucia Bamberg Valentim (Curitiba).
“A esperança, o grito pela Vida nos anima e fortalece na caminhada com os migrantes!”
Por: Marcia Corrêa – secretariado da CNBB Regional Sul 2 e Pastoral do Migrante
fonte: http://cnbbs2.org.br/site/2016/08/pastoral-do-migrante-no-parana-elege-nova-coordenacao/

terça-feira, 21 de junho de 2016

Visitas encerram Semana do Migrante

Igreja Católica oferece apoio aos estrangeiros que chegaram ao Brasil em busca de um recomeço; participantes da Cáritas estiveram ontem em Jaguapitã

Saulo Ohara
O haitiano Jacky Auguste não esconde a alegria de ter a família por perto

Jaguapitã - Perseverança é o define o haitiano Jacky Auguste. Ele não esconde a alegria em ter as filhas e a esposa por perto. Nem sempre foi assim. Jacky chegou ao Brasil há quase três anos. O haitiano deixou o país de origem à procura de novas oportunidades, desembarcou no Panamá, foi para o Equador, seguiu de ônibus para o Peru e fez três viagens de barco até pisar em solo brasileiro. A primeira parada foi em Manaus (AM) onde Jacky conseguiu os documentos necessários para trabalhar no Brasil. Em seguida, o haitiano passou por São Paulo e Londrina até chegar em Jaguapitã, a 50 quilômetros de Londrina. O irmão, que chegou ao Norte do Paraná três meses antes, o recebeu até que Jacky conseguisse emprego em uma indústria da região.
Os primeiros finais de semana foram dedicados à língua portuguesa. "Eu digitava as palavras na internet e ouvia para saber como falar. Anotava as letras que via na rua para depois procurar o significado. Fui aprendendo assim", explicou de forma simples o haitiano que antes dominava apenas o francês e o crioulo. Hoje, até mesmo as gírias fazem parte do vocabulário dele.
A esposa Mercina e as filhas Joulisca, de 13 anos, e Lisa, de 4 anos, ainda estão se adaptando aos costumes brasileiros. As três chegaram há dois meses e participaram de uma festa junina neste final de semana. "Gostamos de pastel, pipoca e guaraná. Essa aqui comeu bastante", disse ele apontando para a filha mais velha. Para trazê-las ao Brasil, Jacky fez empréstimo, contou com a ajuda de conhecidos e teve a primeira decepção. Segundo ele, um intermediário que viabilizou as passagens aéreas teria ficado com parte dos recursos. Ainda assim, ele não desanimou e espera conseguir dinheiro para trazer a mãe que continua no Haiti. "Ela gosta de frio. Acho que ela vai gostar daqui", sorriu.
Já o bengalês Rumon Abdus vive há quatro anos no Brasil e também trabalha em uma indústria de Jaguapitã. No entanto, a distância de, aproximadamente, 16 mil quilômetros em linha reta entre Brasil e Bangladesh só não é maior que a saudade que Rumon sente dos pais. Desde 2012, ele espera receber a documentação necessária para permanecer no Brasil. As dificuldades foram muitas desde a viagem para cá. O bengalês gostou do feijão e do macarrão brasileiros, mas pretende retornar a terra natal já no ano que vem. "Tenho parentes lá, tios, avó... muita saudade", resumiu.
Jack e Rumon receberam, na manhã de ontem, a visita de participantes da Cáritas Arquidiocesana de Londrina. A aproximação dos missionários com cerca de 30 famílias ou grupos visitados na região de Londrina neste sábado e domingo encerrou a programação da 31ª Semana do Migrante realizada pela Igreja Católica em todo o país.
A coordenadora executiva da Cáritas Arquidiocesana de Londrina, Márcia Ponce, reforçou que o grupo oferece apoio aos estrangeiros para que eles possam se estabelecer no Brasil. "Eles foram muito receptivos e acolhedores nas visitas e nos receberam muito bem", destacou. A intenção da Cáritas é criar um comitê regional para debater políticas públicas voltadas para os estrangeiros. O número de imigrantes ainda é desconhecido, mas o grupo estima que cerca de dois mil haitianos vivam na região de Londrina.
Viviani Costa
Reportagem Local
Fonte: http://www.folhadelondrina.com.br/?id_folha=2-1--1721-20160620&tit=visitas+encerram+semana+do+migrante

terça-feira, 10 de maio de 2016




O mestre Marcos Zanon, 41 anos, pesquisa a história e a economia do Umbará. Ele contesta mitos, como o do “imigrante que deu certo.” Na sala de aula do Colégio Morelli vê um bairro diverso, em que descendentes de italianos e poloneses aprendem a conviver com os novos umbaraenses, vindos das zonas mais pobres |

Um sonho feito de barro

 mestre Marcos Zanon, 41 anos, pesquisa a história e a economia do Umbará. Ele contesta mitos, como o do “imigrante que deu certo.” Na sala de aula do Colégio Morelli vê um bairro diverso, em que descendentes de italianos e poloneses aprendem a conviver com os novos umbaraenses, vindos das zonas mais pobres.
O Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, no coração do Umbará, mereceria figurar num cartão-postal. A instituição foi um dia escola paroquial e ainda guarda aquela irresistível aura de sacristia. Ao vê-la retratada, muita gente ia se lembrar da aurora da vida, da infância querida que os anos não trazem mais. Seria a primeira impressão.
A segunda, melhor do que essa, é a de que o colégio se converteu no espaço mais democrático no bairro. Entre os 2 mil alunos, figuram moradores das favelas e descendentes de italianos um dia chegados da Água Verde e de Santa Felicidade atrás de terras mais baratas.
“Há um mito em torno do imigrante que deu certo. A riqueza que se vê no Umbará corresponde a uma minoria. A maioria dos moradores antigos se proletarizou”, explica o historiador Marcos Zanon, 41 anos, professor do Morelli e descendente das cerca de 16 famílias italianas que chegaram à região no final do século 19.
Marcos é uma autoridade em sua aldeia. Quando ainda era secundarista, descobriu que não havia nada escrito sobre o Umbará. Na cara e na coragem, bateu palmas nas cerquinhas de madeira de 18 descendentes dos pioneiros. Como era um Zanon, achegou-se ao fogão de lenha e escutou as histórias que deram origem a um boletim da Casa da Memória.
Anos mais tarde, já graduado, repetiu a dose, dessa vez para escrever uma dissertação de mestrado, pela UFPR, publicada em 2004 com o título Oleiros do Umbará – História e Tecnologia, um documento raro sobre a maior particularidade da região: as cerâmicas de fundo de quintal. “O pátio da olaria era o pátio da casa”, ilustra o estudioso.
Hoje, o negócio do barro avançou. Basta reparar no movimento de caminhões na Avenida Nicola Pellanda, abastecendo as cerca de 120 empresas do setor que chegaram aos tempos modernos. Olhar o Umbará do ponto de vista de sua economia é uma forma de matar a charada sobre a região que virou uma espécie de “Curitiba perdida” de Dalton Trevisan.

Foi em torno das olarias que o bairro conheceu a diversidade. Na região conhecida como Calixto – área empobrecida nas bandas do Rio Iguaçu – formou-se a “Vila Cambau”, apelido pejorativo para a hoje zona de operários das cerâmicas. O lugar ainda abriga descendentes dos primeiros moradores, “os brasileiros”, como dizem os italianos.
Essa convivência merecia um arrastão de pesquisadores, tamanha sua originalidade. “A população cabocla foi apagada com a vinda dos imigrantes. Falou-se mais deles porque representavam o branqueamento. Mas houve inclusive casamento entre os grupos”, explica Zanon.
Em tempo, a mais antiga descendente dos Calixto, Teresa, de 76 anos, é uma espécie de nonna mestiça do encrave. A casa centenária, à moda açoriana, é baixinha, colorida, cheia de plantas na varanda. A dona não sabe ler e escrever e se diz feliz “ali, escondidinha”, criando patos e galinhas numa Curitiba das catacumbas. “Sabia que aqui não tinha luz?”, pergunta, depois de oferecer jabuticabas no pé.
Há coisas que Teresa também não sabe. Na outra ponta da Avenida Nicola Pellanda – a cerca de oito quilômetros – os novos bolsões de pobreza do bairro são bem menos prosaicos do que o Calixto. No Unidos do Sabará, cerca de 300 famílias estão em processo de regularização fundiária. Um estudo da Cohab-CT já dá conta do perfil da comunidade, instalada num antigo lixão: 45% são crianças e adolescentes e 62% das famílias vieram do interior do Paraná – o que explica a identificação com uma área ainda ruralizada.
A renda média é inferior a dois salários mínimos. E os índices de violência, preocupantes. De janeiro a setembro deste ano, de acordo com dados recolhidos junto ao Instituto Médico-Legal (IML) foram oito homicídios. Não se pode afirmar que tenham sido todos nas áreas de ocupação, mas são reconhecidamente as áreas mais sujeitas à criminalidade.
Nas visitas da reportagem à região, o clima de medo foi confirmado. De quinta para sexta-feira da semana passada, um jovem de 24 anos teria sido morto por engano, deixando as lideranças ressabiadas. A conversa com Amélia Teresinha Rodrigues, 55, da associação de moradores, é tensa. Ela informa que a ocupação existe há 18 anos, que a Ceasa é a “mãe de todos” os que moram na Unidos. “Aqui, nossas crianças vivem de verdura”, comenta.
Já o líder Sidney Schadeck, 33, não anda nas boas com a Unidos. Depois de 13 anos à frente da comunidade – chamada por muitos de Vila Tripa – não pode voltar para casa por ter enfrentado uma gangue da região. O preço foi seu armazém queimado e fuga às pressas. Vive escondido numa vila distante. “A ocupação é desordenada e gerou becos que favorecem a criminalidade. Polícia não entra lá”, lamenta o exilado, em encontro secreto com a reportagem.
Histórias como a de Schadeck parecem exercícios de ficção diante do Umbará que se vê de passagem. A paisagem rural, a estrada de ferro e a magnífica Matriz de São Pedro fazem até as zonas degradadas parecerem melhores. Some-se a todo esse aparato a paisagem humana. Apesar da fama de desconfiada e independente, a velha-guarda do bairro é o cartão de visitas daquela que pode se tornar a divisa mais civilizada da capital.
O casal Abílio, 82, e Esmeralda Zanon, 79, estão lá para provar. Eles fazem parte dos tais umbaraenses proletarizados de que fala o historiador. A casa é boa, cheia de flores, do lado da Sociedade Beneficente Umbará. O casal se conhece desde pequeno e ri ao contar que tem uma menina da família Do Canto que namora um Do Canto. Coisas do Umbará. “Devem ser primos distantes”, dizem.
Abílio foi barriqueiro de mate e pedreiro – e como todo mundo ali fala do passado como se fosse o ontem. Diz ter saudade de ler romances policiais à luz do lampião de gás. E Esmeralda, de ir a pé até a Igreja do Capão Raso. “Imagine!” Quando começaram as ocupações, os dois sentiram pena dos pobres e avisam que “mal é só quem lida com maconha.” São todo prosa: “O Umbará permanece o de sempre.” Dia desses, um morador do condomínio em frente dos Zanon abriu o portão e puxou conversa com o veterano. Pelo que se sabe, adorou a vizinhança. Tutti buona gente.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/um-sonho-feito-de-barro-b9oheffahfcbnw2gsoqxuliku

sábado, 7 de maio de 2016


MPF vai investigar prefeito de Caxias - RS por ato discriminatório contra imigrantes negros

Investigação foi aberta após declaração de Alceu Barbosa Velho ao Pioneiro, quando chamou os imigrantes de "bando"


MPF vai investigar prefeito de Caxias por ato discriminatório contra imigrantes negros Roni Rigon/Agencia RBS

O Ministério Público Federal (MPF) em Caxias do Sul instaurou nesta sexta-feira um inquérito civil para apurar possível discriminação do prefeito da cidade, Alceu Barbosa Velho (PDT), contra imigrantes haitianos e senegaleses que vivem no município. A investigação foi aberta após ele declarar ao Pioneiro na última quarta-feira, dia 4 de maio, a seguinte frase: 
— Ninguém pode achar que o poder público pode tudo. Agora vem esse bando de imigrantes e a prefeitura tem de dar trabalho e comida para todo mundo? Não é assim.
A manifestação de Alceu ocorreu depois de o Pioneiro relatar ao prefeito casos de desemprego, exclusão e racismo — apresentados na série de reportagens Ilusões Perdidas —, e denúncias feitas por entidades ligadas às populações africanas e caribenhas à Comissão de Direitos Humanos do Senado. 
"Bando" tem conotação pejorativa, diz procurador
Alceu foi oficiado pelo MPF para que se manifeste. Ele terá de esclarecer o teor das suas falas. Para o procurador da República Fabiano Moraes, o uso da palavra "bando" possui conotação pejorativa e é inadequada pela impessoalidade e moralidade exigidas para o cargo de prefeito.
"O município, assim como o Estado e a União, tem o dever de prover trabalho, educação, saúde e moradia, bem como todas as demais necessidades básicas, visando a dignidade e o bem-estar de toda a população, sejam ou não estrangeiros, conforme os princípios constitucionais consagrados", disse Moraes no documento encaminhado ao prefeito.
Além disso, o inquérito destaca que esta não teria sido a primeira vez que Alceu Barbosa Velho se envolveu em atos discriminatórios em relação aos imigrantes negros. Em 2014, ele disse que Caxias do Sul deveria estar "atenta" ao fato de os estrangeiros trazerem consigo doenças como a pólio, já erradicada no Brasil. Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira, o pedetista negou ter sido preconceituoso.
— Não falei nada pejorativo. É uma interpretação dele (procurador). Eles que me notifiquem que vou explicar. O termo 'bando' foi o que me veio à cabeça no momento. Mas poderia ter dito um monte, uma porção, uma grande quantidade de imigrantes. Jamais no sentido pejorativo. Ainda mais um prefeito que foi a Brasília buscar passaportes para eles. Que emitiu diversos cartões SUS — argumentou.
Fonte: http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2016/05/mpf-vai-investigar-prefeito-de-caxias-por-ato-discriminatorio-contra-imigrantes-negros-5795592.html

sexta-feira, 22 de abril de 2016


Padre Joaquim fazendo o apelo para Ric Record. Neste momento a comunidade equatoriana de Florianópolis se encontra orando pelos seus compatriotas na sede da Pastoral, obrigada a tod@s pelo apoio
Os itens devem ser arrecadados até dia 28/04 e são os seguintes:

Foto de Pastoral do Migrante Florianópolis.
alimentos enlatados (unicamente), 
barracas de camping,
sacos de dormir,
alimentos para cachorro,
panelas,
toalhas higiênicas,
fraldas descartáveis,
cobertas,
roupa de criança,
materiais de uso médico - inclusive máscaras,
repelentes de insetos,
luzes e lanternas,
produtos de higiene pessoal.
Sede da Pastoral: Rua Treze de Maio , 62 - José Mendes (Prainha), próximo a Alesc. Obrigada!

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Foto de Cáritas Londrina.A Cáritas Arquidiocesana de Londrina, através de sua secretária executiva, Márcia Ponce, esteve ao longo de todo o dia de hoje, participando da reunião ordinária do Conselho Estadual de Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas - CERMA, que aconteceu em Curitiba, o primeiro conselho desta natureza no Brasil. O Paraná sai na frente pra discutir essa realidade que está tão presente em todo o país e tem mostrado sua face nos estados do Sul. Durante a reunião de hoje, váriosassuntos foram debatidos neste aspecto. A migração tem se feito muito presente no estado do Paraná e tem demandado discussões muito relevantes sobre o atendimento desses grupos de migrantes por parte das políticas públicas. Há que se pensar estratégias que atendam essa demanda e possibilitem a inclusão dos grupos de migrantes que chegam dia após dia no estado. Neste sentido, o dia foi repleto de discussões sobre vários temas que afligem a realidade migratória presente no Paraná. Os membros do conselho buscam encontrar saídas para vários problemas que afetam essa população. Acompanhe a Cáritas Arquidiocesana de Londrina e fique por dentro de todas essas discussões. Para mais informações sobre o CERMA acesse:bit.ly/caritasnocerma

segunda-feira, 14 de março de 2016

PAZ!

Senegaleses protestam em Caxias do Sul por justiça e contra a violência.
O ato organizado pelos senegaleses na tarde de sábado (27/02), na Praça Dante Alighieri, para pedir paz e justiça, se estendeu por seis horas e culminou com orações de despedida para Cheikh Tidiane, 28 anos, em ritual de corpo presente em pleno Centro da cidade.
O africano foi assassinado na quinta-feira passada, na localidade de São João da 4ª Légua, em Galópolis. Dois dias depois do crime, cerca de 150 pessoas mobilizaram-se para reclamar da falta de segurança e da impunidade, já que o suspeito da morte de Tidiane pagou fiança e foi solto em poucas horas depois de ter sido capturado.
Em breves discursos sobre o tema, alguns dos presentes questionaram a eficiência das leis, pediram paz para “senegaleses e brasileiros” e até sugeriram que o racismo poderia ter influência na banalização da morte do rapaz.
— Moro em Caxias há um ano e vejo a invisibilidade do negro na comunidade. A questão racial não pode ser descartada nessa morte, porque 77% da juventude que morre no Brasil é negra — afirmou a produtora audiovisual carioca Monique Rocca, 34, entre lágrimas.
O presidente da Associação dos Senegaleses de Caxias, Aboulahat Ndiaye, 24 anos, o Billy, acostumado a receber migrantes, foi obrigado a aprender a fazer o caminho inverso — e, desta vez, o compatriota chegará sem vida a Dakar, capital do Senegal.
— O homem que fez isso matou um ser humano, uma família e um futuro. Tidiane morava aqui há um ano e mandava todo o dinheiro para os familiares, não tinha contas por aqui — disse Billy.
A coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante de Caxias do Sul, Maria do Carmo Gonçalves, disse que o clamor tinha uma função específica: pedir a prisão preventiva do assassino. A religiosa questiona também a legislação brasileira.
— Penso na qualidade da permanência daqueles que estão aqui. É triste constatar que o passaporte foi a certidão de óbito dele. Com isso, morre um pouco a esperança de cada um — declarou.
Depois das falas, parte do grupo ficou entoando canções religiosas, enquanto caminhava em círculos sob a lona que abriga o palco montado na Praça. Alguns entraram em transe e praticamente todos ficaram até a despedida derradeira, que durou apenas 13 minutos — das 21h50min às 22h03min.
O transporte ficou sob responsabilidade de uma funerária de Passo Fundo, que já havia realizado outras operações como essa, e veio a Caxias buscar Cheikh Tidiane no Instituto Médico Legal. Depois de o corpo ter sido recolhido, foi levado à Praça Dante Alighieri. O veículo subiu na calçada em frente à Galeria do Comércio e, por alguns minutos, os compatriotas fizeram preces junto ao caixão alojado na parte de trás da camionete S10, que estava com o porta-malas aberto.
Tríssia Ordovás Sartori
Fonte: http://oestrangeiro.org/2016/02/29/paz/

quarta-feira, 9 de março de 2016

ENCONTRO DA PASTORAL DO MIGRANTE REGIONAL SUL 2 EM APUCARANA-PR

No ultimo sabado e domingo (05 e 06/03) aconteceu mais um Encontro de Formação para agentes da Pastoral do Migrante Regional Sul 2, o encontro aconteceu na paróquia São José em Apucarana, PR.  Numa programação alegre e de muito comprometimento, participaram representantes das dioceses de São José dos Pinhais, Londrina, Apucarana, Curitiba, Ponta Grossa, Maringá, Cascavel,Jacarezinho, Umuarama e Foz do Iguaçu.

O objetivo do encontro foi fortalecer ações integradas e a criação de um espaço para a pastoral em todas as dioceses.
 Ildo Perondi, Frei Capuchinho da Arquidiocese de Londrina, como assessor proferiu a palestra com o tema “Ecumenismo e diálogo inter-religioso” apresentando a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016. Contextualizou que, como igrejas, podemos compartilhar dons e recursos;  temos o desafio de construir uma casa comum justa, sustentável e habitável para todos os seres vivos.
Foi feito o Resgate Histórico da Pastoral do Migrante do Paraná com Pistas de atuação e ação, qual o chão pastoral, Onde ela está inserida e qual a prática pastoral.  Utilizado o subsidio “Algumas Orientações para a Ação Pastoral junto aos Migrantes” elaborado por Pe. Alfredo Gonçalvez e Ir. Rosita Milesi. O texto  apresenta  acolhida;   A origem e destino;  Locais de atendimento, orientação e informação;  EncontroLuta pelos Direitos;  Respeito e valorização da história e da cultura;  Atuação por Políticas Públicas;  Formação Permanente;  Espiritualidade do povo a caminho;  O agente da Pastoral do Migrante;  Princípios Fundamentais para uma Pastoral das Migrações.
 Como encaminhamentos e ações, foi criado um Grupo de Trabalho - GT de Comunicação da Pastoral do Migrante. Promover/estimular ao menos uma ação especifica nas Dioceses na Semana do Migrante, e também nas dioceses que ainda não tem a Pastoral do Migrante organizada.  A coordenação regional da pastoral do migrante fará visitas, para estimular e promover a criação da mesma nas dioceses onde não há ainda.
O encontro foi determinante para conhecer as ações que estão sendo realizadas no interior do Estado, trocar experiências e estabelecer ações integradas. 
Fonte: Lucia Bamberg

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Corpo de nordestino assassinado não atrapalha dia de praia em Florianópolis. Por Aline Torres



Jadson da Silva Pereira, invisível principalmente na morte
Jadson da Silva Pereira, invisível principalmente na morte


José Zeferino. Alagoas. Foram as últimas palavras ditas pelo jovem de 23 anos. A princípio os policiais que o socorreram acreditavam ser este seu nome.  Não era.  Ele se chamava Jadson da Silva Pereira, também alagoano, de Maceió.  A investigação suspeita que antes de morrer ele ainda teve forças para denunciar o seu algoz.
Os banhistas da Lagoinha do Norte, praia de Florianópolis, pertinho de Canasvieiras, o viram correr desesperado, perseguido por outros dois homens.
Foi alcançado em frente à guarita dos salva-vidas. Foram tantas facadas, que teve o rosto, as costas e o abdômen perfurados. Morreu na areia, domingo, às 14h. Seus assassinos fugiram. A Delegacia de Homicídios investiga o crime.
Nas praias floripanas sempre há nordestinos. Vendem cangas, redes, castanhas ou queijo coalho. Às vezes, agentes da Prefeitura recolhem suas mercadorias. No mais, trabalham sem folga, carregam cargas pesadas, alugam barracos e os dividem com os colegas de labuta.
São migrantes que vieram apenas para trabalhar. Os vendedores não são vistos em bares ou restaurantes. Também não vão à praia para apreciar um dia de sol, estirados nas cangas que vendem.  Na capital catarinense permanecem por cinco meses, de outubro a março. Depois voltam de ônibus para o Nordeste. Alguns assumem empreitadas em obras e ficam no Sul do Brasil, onde a cultura dos descendentes de europeus preza o trabalho braçal. Exceto se vier de nordestinos.
Em novembro de 2013, moradores de Brusque, no Vale do Itajaí, publicaram uma carta intitulada “Aviso aos Baianos”. De acordo com o texto eles estavam indignados porque os migrantes falavam alto, assim como ouviam músicas altas em casa e não respeitavam as regras de trânsito – por esses motivos deveriam ser mortos.
“(…) Moro em Águas Claras há 26 anos, tenho filhos que moram em outros bairros, e também estão sofrendo. Não vamos nos mudar por causa desses desordeiros. Fizemos um levantamento nos bairros: Águas Claras, Azambuja e Santa Terezinha, Nova Brasília, 1° de Maio, Bateias e Steffen. Constatamos que é absurdo, inaceitável o que acontece nos bairros, além do barulho, até trafegam na contramão, com carros e motos em alta velocidade e alguns com a descarga aberta (sem o silencioso). Durante esses oito meses fizemos levantamentos, já temos as placas dos carros, que são 34, e motos são 22, temos também as fotos desses desordeiros.
Fiquei feliz em comentar com 2 policiais sobre essa carta (antes de ser publicada) para saber a opinião deles e os dois disseram assim: “Finalmente acordaram, é bom mesmo que alguém faça alguma coisa para acabar com esses alienígenas” porque 90% dos casos envolvem baianos. “Não diga a ninguém nosso nome” – eu disse tudo bem.
BAIANOS, vocês conseguiram deixar o povo revoltado, TOMEM CUIDADO e tratem de mudar de comportamento URGENTE. VAMOS ELIMINAR VOCÊS, ISSO MESMO, VAMOS MATAR OS RUINS e acabar com essas pragas.

Nosso grupo composto por 28 cidadãos, onde 11 estão ansiosos para começar a matança, nem queríamos publicar esse aviso, porém a maioria decidiu avisar antes.
Nossa Brusque será de novo uma cidade boa para viver. CUSTE O QUE CUSTAR.”
Jadson vendia queijo coalho. Apesar de inofensiva, sua atividade incomoda o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis, Tarcísio Schmidt. Na semana passada, Schmidt culpou os nordestinos por uma virose que assola as praias do Norte, principalmente Canasvieiras. Ele acredita que a infecção seja gerada por queijo coalho, ignora a poluição das águas que contaminou trinta das 42 praias da Ilha.
Mas o preconceito não é restrito às ruas. Gilead Maurício, jornalista, natural de Natal, escreveu em seu blog uma crítica ao ex-governador de Santa Catarina Jorge Bornhausen, que dizia “preferir ser a vaca que o bezerro mamão” e foi enxovalhado de ofensas e ameaças:

“Santa Catarina enquanto só tinha moradores como Jorge Bornhausen, gente trabalhadora, destinta ,de sucesso, era uma beleza,haja visto a beleza das pessoas, não é a toa que o mundo hoje quer vir ver o verão de SC, penso que não é para ver cabeça chata, retirante que vem atrás de oportunidade,que não conseguiu se colocar no seu estado natal, então vem para ser a bosta da vaca, coitados destes nordestinos, feios, despreparados,acabam tendo que vender rede na praia, pois não tem capacidade para mais”.
“Voce é um recalcado!! Pobre coitado, despreparado. Olhe para o seu berço,de onde você veio?de gentalha!!quem é seu pai, sua mãe?? nada! não valem nada, eles e as fezes da vaca não tem diferença, o que fizeram nesta vida alem de colocar este verme no mundo!!vai embora nordestino desgraçado”.
“NÃO VENHA MENTIR, SEU MALDITO CABEÇA-CHATA, QUE ROUBA 75% DOS IMPOSTOS DO MEU ESTADO, DA MINHA REGIÃO. Eu quero ver esses nordestinos começaram a vir para cá em grande quantidade, eu vendo todas as empresas da minha família e crio organizações pra matar nordestinos”.
Quando morto, Jadson arrancou um pouco de piedade dos turistas e choro de crianças. Em seguida, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), o cobriu com manto celeste para esperar a chegada dos funcionários do IML (Instituto Médico Legal). Estirado na areia ficou por quase duas horas.
Mas azul também era o céu, a água cristalina. Os banhistas não resistiram. Voltaram ao lazer. Mergulhos, banhos de sol, água de coco. Jovens compravam cervejas dos ambulantes, meninos faziam um castelinho, um casal se lambuzava de bronzeador, matronas controlavam os filhos dentro d’água na tentativa de evitar afogamentos. Um vendedor de cangas se aproximou. Várias pessoas foram ansiosas conferir os produtos. O corpo ainda estava ali, ao lado, isolado com fitas.
 Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/corpo-de-nordestino-assassinado-nao-atrapalha-dia-de-praia-em-florianopolis-por-aline-torres-2/

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016


SC terá centro de referência para acolhimento de imigrantes


Confira:
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/jornal-do-almoco/videos/t/edicoes/v/sc-tera-centro-de-referencia-para-acolhimento-de-imigrantes/4735243/

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

indio amamenta5587756
O Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul, vem a público manifestar sua indignação com o cruel assassinato de Vítor Pinto, criança Kaingang de dois anos de idade. O crime ocorreu na rodoviária de Imbituba, município de Santa Catarina.
Vitor estava sendo amamentado pela mãe, Sônia da Silva, quando um homem se aproximou, acariciou seu rosto e, com um estilete, o degolou. Enquanto a mãe e o pai – Arcelino Pinto – desesperados tentavam socorrer a criança, o assassino seguiu caminhando pela rodoviária até desaparecer.
Vítor faleceu em um local que a família Kaingang imaginava ser seguro. As rodoviárias são espaços frequentemente escolhidos pelos Kaingang para descansar, quando estes se deslocam das aldeias para buscar locais de comercialização de seus produtos. A família de Vítor é originária da Aldeia Kondá, localizada no município de Chapecó, Oeste de Santa Catarina. Vítor estava na rodoviária com os pais e outros dois irmãos, um de seis anos e outro de 12.
Trata-se de um crime brutal, um ato covarde, praticado contra uma criança indefesa, que denota a desumanidade e o ódio contra outro ser humano. Um tipo de crime que se sustenta no desejo de banir e exterminar os povos indígenas.
A Polícia Militar da região deu por desvendado o fato em poucos minutos. Prendeu, num bairro pobre, um presidiário, que usufruía do benefício do indulto de Natal e Ano Novo. Aparentemente tudo estava solucionado. Mas na delegacia da Polícia Civil de Imbituba o delegado ouviu o pai e a mãe de Vítor, e ainda outra testemunha, um taxista que estava no local na hora do crime. O homem indicado pela Polícia Militar como autor do assassinato não foi reconhecido pelas três testemunhas.
Informações colhidas na delegacia por um advogado que acompanhou a família Kaingang dão conta de que esse cruel assassinato pode estar relacionado a ações de grupos neonazistas ou de outras correntes segregacionistas, que difundem o ódio e protagonizam a violência contra índios, negros, pobres, homossexuais e mulheres.
O Conselho Indigenista Missionário manifesta preocupação com o clima de intolerância que se propaga, na região sul do país, contra os povos indígenas. Um racismo – às vezes velado, às vezes explícito – é difundido através de meios de comunicação de massa e em redes sociais. Ocorrem, com certa frequência, manifestações públicas de parlamentares ligados ao latifúndio e ao agronegócio contrários aos direitos dos povos indígenas e que incitam a população contra estes povos. Em todo o país registram-se casos de violência e de intolerância contra indígenas e quilombolas, manifestadas concretamente nas perseguições, nas práticas de discriminação, na expulsão e no assassinato de indígenas. Nestes últimos dias pelo menos cinco indígenas foram assassinados no Maranhão, Tocantins, Paraná e Santa Catarina.
O Conselho Indigenista Missionário espera que esse crime hediondo seja efetivamente investigado e que, não se cometam erros ao tentar dar uma resposta imediata à sociedade, imputando a um inocente crime que não praticou.
Conselho Indigenista Missionário - Regional Sul
Fonte: http://www.conic.org.br/portal/noticias/1727-nota-do-cimi-sobre-menino-kaingang-assassinado-enquanto-era-amamentado

sábado, 2 de janeiro de 2016


Ódio Racial: Índio De Dois Anos É Morto Quando Era Amamentado Pela Mãe


21-awaUm menino de apenas dois anos foi assassinado com um golpe de estilete no pescoço enquanto era amamentado pela mãe, em frente à rodoviária de Imbituba, cidade situada ao Sul da Grande Florianópolis. O crime ocorreu por volta do meio-dia de quarta-feira (30). Mãe e filho são indígenas da tribo Caigang de Chapecó. A Polícia acredita que o crime tenha sido motivado por ódio racial. Um suspeito chegou a ser preso no início da tarde, mas foi liberado em seguida.
De acordo com um taxista que estava próximo do local e presenciou o crime, um rapaz de camiseta branca e mochila nas costas, aparentando entre 20 e 23 anos, se aproximou da mãe, que estava sentada no chão amamentando o garoto, e sacou de um estilete, aplicando um único golpe no pescoço da criança, que morreu na hora. O menino foi identificado como Vitor Pinto.
A Polícia não prestou mais informações para não atrapalhar as investigações, mas se suspeita que o assassino tenha passado a noite na companhia do casal de índios com o garoto.
O suspeito saiu correndo e entrou num matagal, situado entre o Village e o Centro. A Polícia foi acionada e fez buscas pelas imediações. No final da tarde, um homem foi preso quando caminhava pela BR-101 e levado á delegacia, mas foi liberado por falta de provas.

Fonte: http://garantiadedireitos.com.br/odio-racial-indio-de-dois-anos-e-morto-quando-era-amamentado-pela-mae/

Primeiro bebê curitibano de 2016 é filho de haitianos

Foto: Ana Krüger
Foto: Ana Krüger
O primeiro bebê nascido em Curitiba em 2016 é filho de um casal de haitianos. A meia noite e um minuto chegou ao mundo a primeira filha deles.
Ouça a reportagem de Ana Krüger:
http://cbncuritiba.com/2016/01/01/primeiro-bebe-curitibano-de-2016-e-filho-de-haitianos/