sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Após perder família em terremoto, haitiana vai fazer Medicina em Federal no Brasil

Quando a haitiana Patricia Gérard chegou a São Paulo, no início do ano passado, não sabia nada da língua portuguesa nem tinha conhecido ou referência no Brasil. Veio apenas com a determinação de realizar um sonho que não sentia muitas chances de concretizar no seu país: estudar para ser médica. Aos 23 anos, ela conta em bom português que foi aprovada em Medicina em uma universidade federal que criou um programa específico para estudantes do Haiti. Depois de formada, quer voltar para ajudar seu país.

Patricia decidiu ser médica após perder mãe e irmã gêmea no terremoto no Haiti. WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Patricia decidiu ser médica após perder mãe e irmã gêmea no terremoto no Haiti. WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Patricia vai estudar Medicina na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu (PR) – ela disputou a vaga com outros 24 haitianos inscritos.  A Unila tem quase 60% dos alunos de dez países diferentes, mas nenhum era do Haiti.
O sonho de Patrícia nasceu depois de uma tragédia. Há cinco anos, completados no último dia 12, um terremoto devastou seu país. Entre as cerca de 250 mil vítimas do desastre, ela perdeu a mãe, a irmã gêmea e outros oito parentes.“Ver tanta gente sofrendo e não poder fazer nada me convenceu a ser médica”, diz ela. “Eu poderia ter salvo a vida de muita gente”, completa.
Na carta que entregou à Unila, como parte do processo seletivo pelo qual passou, Patricia contou sua angustia de não ter feito mais pelas vítimas do terremoto. “Qualquer conhecimento de enfermagem me ajudaria, porque eu também ajudaria aos médicos.”
O terremoto levou o país ao colapso. Sem condições de haver socorro para tantos soterrados e feridos, Patrícia permaneceu durante 15 dias levando água e comida para a mãe que estava com parte do corpo soterrada. Quando ela finalmente pode ser hospitalizada, não resistiu e morreu após saber que uma das filhas estava morta.
Vivendo apenas com o pai, motorista, e mantendo contatos com um irmão que é padre, a jovem foi trabalhar na embaixada do Brasil em Porto Príncipe, onde sempre viveu. Fluente em francês, auxiliava na tradução para o creole – língua nativa do país. Em 2012, conseguiu visto para o Brasil mas só dois anos depois fez a mudança, reforçando um fluxo crescente de imigração.
No ano passado, 8,9 mil haitianos chegaram ao Brasil, segundo o Ministério da Justiça. São 19,7 mil haitianos no Brasil em quatro anos – 5,4 mil estavam em São Paulo, de acordo com dados de setembro passado.
Patricia está entre os 13 haitianos auxiliados pela Educafro que vão estudar na Unila. WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Patricia está entre os 13 haitianos auxiliados pela Educafro que vão estudar na Unila. WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Assim que começou a aprender português em curso supletivo na zona sul da cidade, Patrícia já ouviu algumas palavras desanimadoras. “Muita gente falava que pobre e negro não estuda Medicina no Brasil, mas vim determinada”, disse. Mas a realidade, de fato, é desanimadora. Pesquisa revelada pelo Estado no dia 3 de fevereiro mostra, por exemplo, que somente 0,9% dos cerca de 3 mil novos médicos formados no ano passado no Estado de São Paulo são negros.
Para se sustentar, Patrícia trabalhou em uma gráfica. Como fala inglês e espanhol, além de francês e creole, chegou a receber convite para um trabalho que pagava melhor. Mas recusou para não atrapalhar os horários da escola. “Ela veio com o objetivo de estudar, se esforçou e conseguiu”, diz a aposentada Lucy José Rodrigues, 68 anos, a quem Patrícia chama de mãe. Lucy praticamente adotou a estudante em São Paulo. “Conheci a Patrícia pela minha sobrinha. É muito educada, super esforçada. Estou muito feliz.”
A haitiana participou do processo seletivo da Unila com a ajuda da Educafro, ONG que luta pela inclusão educacional da população negra. “Precisamos de mais negros nas universidades”, repete frei David Santos, da Educafro. O plano da Unila era reservar aos haitianos uma vaga para cada um dos seus 29 cursos. Mas foi possível ampliar a inclusão porque sobraram vagas em carreiras menos concorridas. No total, foram 82 representantes do Haiti aprovados neste ano.
Os haitianos irão contar com a mesma assistência estudantil oferecida aos demais estudantes que apresentam vulnerabilidade socioeconômica. Terão alojamento da Unila, auxílio alimentação no valor de R$ 300,00 e transporte no valor de R$ 55.
Além de Patrícia, a Educafro auxiliou outros 12 estudantes do Haiti que foram aprovados em outros cursos na Unila. A ONG luta por verba para a passagem para eles de São Paulo a Foz do Iguaçu. “A assistência estudantil está garantida, agora estamos nos esforçando para levá-los até lá”, diz frei. A entidade criou um site para quem quiser colaborar: http://oesta.do/1APlUe1
Fonte: http://educacao.estadao.com.br/blogs/paulo-saldana/apos-perder-familia-em-terremoto-haitiana-vai-fazer-medicina-em-federal-no-brasil/

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015


Universidade mineira inicia levantamento sobre imigração em

Criciúma

Foto por Colaboração Tairini Marcelino
(Foto: Colaboração Tairini Marcelino)Clique para Ampliar
Postado por Deize Felisberto
Criciúma foi escolhida como um dos cinco polos esmiuçados para apresentar um panorama da imigração no Brasil. O Grupo de Estudos de Distribuição Especial da População da PUC Minas (Gedep) está na cidade desde a manhã desta terça-feira para a coleta de informações em campo. O levantamento encomendado pelo Governo Federal incluirá ainda informações sobre a realidade da imigração em Chapecó, Bento Gonçalves, Caxias do Sul e São Paulo.
Desde 2010, a região carbonífera vem recebendo haitianos em maioria recrutados para o setor industrial. A partir de julho do ano passado, uma alto contingente de africanos, predominantemente, ganeses, se direcionou à Criciúma. A inserção ao mercado de trabalho consiste um dos pontos avaliados pelos pesquisadores e justifica a escolha de Criciúma entre as cidades avaliadas. “A busca de informações se dá através de entrevistas com o poder público dos municípios, os próprios imigrantes, entidades que prestam apoio a essas pessoas e empresários”, explica o professor de Demografia integrante do Gedep, Duval Fernandes.
O conhecimento da realidade a ser apresentado na pesquisa ajudará os órgãos do Governo Federal a construírem políticas públicas sobre imigração. “A socialização dessas experiências para futuramente balizar metodologias de atendimento e capacitações para assistentes sociais e outros profissionais que lidam com os imigrantes”, enaltece a chefe o departamento de Serviço Social da PUC Minas, Maria da Consolação Gomes de Castro.
No relato de Criciúma passado em visita dos pesquisadores ao gabinete do prefeito, a secretária de Assistência Social, Solange Barp, relatou a experiência de Criciúma no acolhimento das centenas de estrangeiros nos últimos meses. “Com muito esforço de toda a equipe da secretaria e o apoio de voluntários, ajudamos os imigrantes e hoje temos a convicção de que estão plenamente inseridos na nossa cidade”, ressaltou.

Com informações de João Pedro Alves
Fonte: http://www.clicatribuna.com/noticia/geral/universidade-mineira-inicia-levantamento-sobre-imigracao-em-criciuma-13136

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

8 de fevereiro é o primeiro Dia de oração contra o tráfico humano

O dia convocado pelo Papa Francisco irá refletir sobre o problema, considerado “uma das piores escravidões do século XXI”, que atinge cerca de 21 milhões de pessoas
Da redação, com Rádio Vaticano
trafico_pessoas
Cerca de 21 milhões de pessoas são vítimas do tráfico para diversos fins; 60% das vítimas são mulheres e menores / Foto: Wesley Almeida
No próximo dia 8 de fevereiro será celebrado o primeiro Dia Internacional de oração e reflexão sobre o Tráfico de seres humanos – tema várias vezes abordado pelo Papa Francisco desde o início do seu Pontificado.
A iniciativa é promovida pelos Pontifícios Conselhos dos Migrantes e da Justiça em parceria com a União Internacional dos Superiores Gerais dos institutos religiosos masculinos e femininos (Uisg e Usg). Será celebrada no dia em que Igreja recorda a Santa Josefina Bakhita – escrava sudanesa que se tornou religiosa canossiana e foi canonizada no ano 2000.
Na próxima terça-feira, no Vaticano, acontecerá a coletiva de imprensa para a apresentação do Dia, que terá como tema “Acenda uma luz contra o tráfico”.
Participam da coletiva os presidentes e prefeitos dos dicastérios patrocinadores da iniciativa: Card. João Braz de Aviz (Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica), Card. Antonio Maria Vegliò (Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes) e Peter Kodwo Appiah Turkson (Pontifício Conselho da Justiça e da Paz). Também estará presente, entre outras irmãs, a coordenadora da rede internacional de religiosas contra o tráfico Thalita Kum, Ir. Gabriella Bottani, que trabalhou no Brasil.
O tráfico de seres humanos “é uma das piores escravidões do século XXI “ e “diz respeito a todo o mundo”, lê-se no comunicado dos religiosos. Citando dados da Organização Internacional do Trabalho e do Escritório da ONU contra a Droga e o Crime (Unodc), os religiosos lembram que cerca de 21 milhões de pessoas são vítimas do tráfico para diversos fins: exploração sexual, trabalho forçado, tráfico de órgãos, mendicância, servidão doméstica, matrimônio forçado e adoção ilegal. Cerca de 60% das vítimas são mulheres e menores.
O Dia mundial contra o Tráfico de 2015 insere-se ainda significativamente dentro do Ano dedicado à Vida Consagrada e será, portanto, de estímulo para todas as religiosas e os religiosos espalhados pelo mundo para lerem os “sinais dos tempos e a repensarem em termos proféticos o presente e o futuro da própria vida consagrada”.
Fonte: http://noticias.cancaonova.com/8-de-fevereiro-e-o-primeiro-dia-de-oracao-contra-o-trafico-humano/