terça-feira, 30 de julho de 2013

Segunda Manhã de Integração com os Haitianos em Londrina - PR



Neste domingo, dia 28 de julho de 2013, a Cáritas Arquidiocesana de Londrina juntamente com a Pastoral do Migrante realizou a II Manhã de Integração com os Haitianos.
Este momento foi de extrema importância, pois pudemos dar continuidade a integração com os Haitianos e colhendo novas experiências e histórias de superação.
Nós da Cáritas Arquidiocesana de Londrina ficamos grato a presença de todos neste dia em especial ao Pe. Roque e as Paroquias Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos. 


Estiveram conosco também neste dia integrantes da diretoria da Cáritas Londrina e novos voluntários.
Como proposta temos um encontro mensal, onde nos  próximos encontros os Haitianos apresentarão um pouco de sua cultura por meio da musica, comidas típicas e partilhas.








 Equipe: Cáritas Arquidiocesana de Londrina


 

Um rio de ternura, acolhida e alegria


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Pe. Mário Geremia, cs e Pe. Césare Ciceri, cs.
Rio de Janeiro, 29 de Julho de 2013
“O Diálogo é um caminho seguro para resolver problemas e conflitos”
  
A cidade do Rio de Janeiro entrou na onda da acolhida, recebeu um banho de ternura do Papa Francisco e foi invadida com rios de alegria pela juventude do mundo todo. Foi um mar de acolhida, ternura e alegria. A Missão Scalabriniana Santa Cecilia, Botafogo, RJ, entrou nesta onda da acolhida, recebeu um banho de ternura e solidariedade e foi invadida por rios de alegria da juventude, se transformando num mar de beleza e diversidades de diferentes bandeiras, linguagens, idiomas, símbolos, cores…
Podemos dizer que foi uma experiência em que o carisma Scalabriniano se atualizou e Scalabrini esteve presente com seu espírito através da comunidade e de seus missionários, pois foi uma semana de portas abertas 24 horas por dia, de solidariedade com doações de alimentos, de trabalhos voluntários de dedicação do próprio tempo, de oração e acolhida e celebrações em vários idiomas em nossa comunidade.
Mais de 250 jovens de 18 nacionalidades passaram pela Missão Scalabriniana Santa Cecilia do Rio de Janeiro, aonde foram acolhidos e atendidos com alimentação, alojamento, banho, celebrações, descanso…
Além da juventude tivemos a alegria da visita de inúmeros missionários e missionárias Scalabrinianos que vieram acompanhando seus grupos e da equipe vocacional (Irmãs e padres) Scalabrinianos sob a responsabilidade do Pe. Paulo Caovila. Com muita disposição, material e coragem enfrentaram a chuva e fizeram um grande anuncio vocacional aproveitando esta oportunidade. Todos os espaços tanto da Casa Religiosa como da Paróquia ficaram alegres com a presença dos jovens, padres, irmãs, religiosos e seminaristas…
         Esta logística toda serviu de alojamento e também de parada para descanso e de passagem de muitos jovens pelo fato de ser caminho e passagem para vários e diferentes eventos com o Papa Francisco que deu um banho de ternura, derramou rios de graças e em muitos momentos com muita firmeza desafiou a juventude, a Igreja e a Sociedade muito mais com perguntas do que com respostas.
         O mais impressionante foi a forma tão familiar e serena como falou a multidões e que ao mesmo tempo todos escutavam e entendiam. Até mesmo uma pessoa idosa da nossa comunidade disse: “Sempre que eu escutava alguém falar em espanhol nunca entendia e quando o Papa fala em espanhol eu entendo tudo”. Outra pessoa disse: “O Papa fala de forma tão clara e serena que todo mundo ouve e entende”. Nesta afirmação está um recado interessante para toda a Igreja, a Sociedade, o Governo e sem dúvida para cada um de nós.
         Podemos afirmar que nem a chuva, nem o frio, nem o barulho das ondas do mar e nem o barulho de certos grupos fanáticos e radicais teve sucesso, porque a ternura, a firmeza, a clareza, a serenidade do Papa e a alegria contagiante dos jovens superou tudo isso e foi como rios, ondas e um banho de Deus para a toda a cidade, o País e o mundo.
         Hoje segunda-feira começa na prática a jornada mundial da juventude e sem dúvida que somente com a graça de Deus e a ação humana pode mudar a realidade a partir desta experiência vivida como Igreja em todo o Brasil e de modo especial no Rio de Janeiro. Que a saudade deste encontro seja alimento para a profecia.
         Com a fé neste Deus que ama, com a participação de cada um de nós e com a esperança num futuro de justiça e paz, podemos mover montanhas de problemas e transformar toda a realidade. O Papa Francisco mexeu com o coração e a mente de todo mundo, jovens, idosos, crianças, adultos, políticos, governantes, intelectuais, doentes, padres, religiosos (as), empobrecidos… Apontou caminhos e chamou para o compromisso pessoal, comunitário e social, político, cultural e religiosos… Agora é a nossa vez e tudo pode ser melhor se cada um e todos quisermos e atuarmos de verdade em nosso dia a dia.
         A mensagem do diálogo, da justiça e da comunhão, sempre apontando para o sair de si mesmo e ir ao encontro do outro foi  a característica permanente nas palavras do Papa Francisco. Este será o caminho do futuro, um futuro seguro, verdadeiro, justo e fraterno não só para as Igrejas, mas para todas as Religiões, Culturas e Governos. Sentimos e vivemos esta experiência com o Papa Francisco não só através de suas palavras mas sobretudo através de seus gestos e atitudes em que ele sempre nos colocou no dentro como modelo com muita clareza e segurança a pessoa de Jesus Cristo que armou sua tenda entre nós construindo história conosco. O Deus encarnado, morto e ressuscitado.
        Não podemos deixar de reconhecer e agradecer a cidade do Rio e todo o trabalho e dedicação da multidão de voluntários e de todos os trabalhos das várias Instituições Municipais e Estaduais do Rio de Janeiro. Sem esta presença, trabalho e estrutura muitas vezes silenciosa, mas sempre muito atuante este encontro com o Papa não teria sido possível.
         Que esta semente que foi semeada com chuva, frio, calor, com ternura, alegria e acolhida, possa cair em terra boa e produza muitos frutos. Como disse o Papa Francisco “Deje ni que sea un cachito (pedacinho) de tierra en tu corazón para que esta semilla pueda germinar, crecer y producir frutos”.
         Obrigado peregrinos, obrigado Rio de Janeiro, obrigado Comunidade Scalabriniana Santa Cecilia e Pio X e um obrigado especial Papa Francisco por estes dias de encontro, profetismo, diálogo, ternura, alegria e de muita benção.
“Ide sem medo para servi”

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Senegaleses contam com solidariedade para enfrentar frio congelante em Caxias do Sul- RS

No país de origem dos migrantes, temperatura mínima gira em torno dos 18ºC


Senegaleses contam com solidariedade para enfrentar frio congelante em Caxias do Sul Diogo Sallaberry/Agencia RBS
Grupo dorme em alojamento cedido por duas empresas de CaxiasFoto: Diogo Sallaberry / Agencia RBS
Para enfrentar os dias congelantes do inverno serrano, um grupo de 27 senegaleses que vive desde abril em Caxias do Sul está contando com o calor humano dos brasileiros. Os migrantes estão abrigados em um espaço cedido na antiga Metalúrgica Gazola, no bairro Petrópolis. Muito deles, conforme a Clébia Casagrande Trajano, diretora da Gazola, chegaram à cidade descalços e usando pouquíssimas roupas em um período de muito frio. No Senegal, a temperatura mínima gira em torno dos 18ºC. 

Sensibilizados, a Gazola e a empresa Sular Móveis acolheram os migrantes em um alojamento. Também lhes forneceram roupas quentes, calçados e cobertores para suportar os dias congelantes. O espaço conta ainda com chuveiro quente e cozinha. As empresas também ajudam fornecendo pão e carne. Vez em quando voluntários levam viandas com comida, que é dividida democraticamente entre todos. 
Pelo menos quatro senegaleses trabalham nas empresas e outros quatro foram encaminhados para a filial no Paraná.
Na terça-feira à noite, quando a temperatura em Caxias girava em torno dos 2ºC, quase todos cobriam a cabeça com toucas ou casacos e tinham lenços ou mantas ao redor do pescoço. Para suportar o frio da madrugada, muitos dormem usando com as roupas do dia-a-dia.

— Está bem difícil essa frio, mas agradecemos muito a ajuda que estão nos dando — garantiu Omar Fall, 31 anos, que já está com a documentação regularizada e está à procura de emprego. 

Hoje, calcula-se que haja em torno de 430 migrantes senegaleses em Caxias do Sul.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Jovens gaúchos peregrinam ao Rio de Janeiro

Jovens das Dioceses de Passo Fundo, Caxias e Vacaria participam da JMJ

Mais de 250 pessoas compõem a comitiva da Arquidiocese de Passo Fundo no Rio de Janeiro. De acordo a Irmã Salete Rambo, coordenadora do Setor Juventude, a viagem foi tranquila. Os peregrinos estão hospedados em casas de famílias em diferentes Paróquias. Na manhã de hoje se dedicam a retirar os kits da JMJ e à tardinha devem participar da Cerimônia de Acolhida na Praia de Copacabana.

Jovens de cidades como Marau, Paraí, Vila Maria, São Domingos do Sul, Casca, entre outros, fazem parte da comitiva. O marauense Matheus Fernandes da Silva, coordenador nacional da Pastoral da Juventude, deve chegar ao Rio por vota do meio-dia.

Os peregrinos vindos da Diocese de Vacaria passaram hoje pela manha na Basílica de Nossa Senhora Aparecida no interior de São Paulo, e já estão em deslocamento para o Rio de Janeiro. Segundo o Padre Elisandro Guindâni, a previsão de chegada na capital Fluminense é para o meio da tarde, com expectativa de acompanhar a cerimônia de abertura oficial da JMJ as 18h na praia de Copacabana.

Já os 5 ônibus vindos da Diocese de Caxias do Sul, saíram no domingo as 3 da tarde de caravággio e, após passarem em Aparecida, chegaram ontem as 10 horas da noite no Rio de Janeiro.

Se preferir, ouça essa informação clicando no ícone de áudio abaixo.

Papa Francisco está entre nós

Nesta terça-feira o Santo Padre não cumpre agenda e descansa na residência da Arquidiocese no Sumaré

Papa Francisco desfilou de papamóvel pelo Centro do Rio de Janeiro
Papa Francisco desfilou de papamóvel pelo Centro do Rio de Janeiro
Pedindo licença para chegar aos corações dos brasileiros, o Papa Francisco fez seu primeiro pronunciamento oficial no Brasil. O Santo Padre chegou ao País na tarde de segunda-feira, 22 de julho. Em um discurso emocionante, Ele disse não ter ouro nem prata mas trazer o que de mais importante Lhe foi dado: Jesus Cristo.

O primeiro dia do papa Francisco no Brasil foi marcado por sua simpatia, atenção e seu cuidado com os fiéis. Falando em um português claro, ele abençoou a todos e disse que “bota fé nos jovens”, usando uma expressão informal. Isso tudo no Palácio Guanabara no final da tarde desta segunda-feira. Antes, o papa fez questão de estar o mais perto o possível das pessoas que se aglomeraram nas ruas do Rio para vê-lo.

Com o vidro do carro aberto, Francisco se deixou ser visto e muitos que conseguiram vencer o bloqueio dos seguranças chegaram perto dele. Sorridente, o papa acenou, cumprimentou e beijou crianças, inclusive um bebê de colo. A emoção dos fiéis foi retribuída por ele com sorrisos e respeito.

No papamóvel, nas ruas centrais do Rio, Francisco ficou de pé o tempo todo e sorriu quase todo o tempo. Acostumados com o estilo do papa, os seguranças que o acompanham atendiam quando ele queria que o carro reduzisse a velocidade para que pudesse chegar mais perto das pessoas.

Alguns protestos em locais próximos de onde o papa passou não ofuscaram a primeira visita do pontífice ao exterior. Francisco não demonstrou cansaço nem mesmo com as longas filas de cumprimentos de autoridades.

Em seu discurso na cerimônia de boas-vindas no Palácio Guanabara, o papa Francisco agradeceu a Deus por permitir que na primeira viagem de seu pontificado lhe fosse permitido voltar “à amada América Latina, e em especial, ao Brasil”. Francisco disse ter aprendido que “para ter acesso ao povo brasileiro é preciso ingressar pelo portal de seu imenso coração”.

Conversa reservada
Antes de seguir para a residência oficial do Sumaré, na zona oeste do Rio, o papa se reuniu reservadamente com Dilma no Palácio Guanabara. A conversa durou em torno de 15 minutos. Foi o segundo encontro privado dos dois. O primeiro ocorreu, em março, quando a presidenta compareceu à cerimônia que oficializou o início do pontificado de Francisco.

Para hoje (23), a agenda do papa por enquanto é fechada para reuniões internas. Porém, Francisco é pouco afeito a protocolos e gosta de surpreender, portanto, a programação pode ser modificada. A quem diga que ele hoje poderia quebrar este dia de tranquilidade para uma visita ao Cristo Redentor. Mas essa informação não é confirmada pelos organizadores.

Na quarta-feira, 24, o principal compromisso é a visita ao Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo. Na quinta-feira de manhã, Francisco vai à comunidade de Varginha, na Zona Norte do Rio. À noite, ele participa da festa da acolhida, na orla de Copacabana.

As confissões estão marcadas para sexta-feira. No mesmo dia, acontece a Via Sacra na praia de Copacabana, com público previsto de um milhão e meio de pessoas. No sábado, o pontífice participa de uma vigília no Campo da Fé, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio.

ÁUDIO
No áudio disponível abaixo, parte do discurso do Papa Francisco no Palácio Guanabara. O Jornalista Tales Armilliato acompanhou o pronunciamento.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Scalabrinianos realizam missão com famílias migrantes em MG

Sacerdotes, seminaristas e leigas estão em Conceição de Alagoas para oito dias de missão

O padre Garcia Peres (CS), pároco da Paróquia Bom Jesus dos Migrantes de Sobradinho, DF, acompanha outros 12 missionários scalabrinianos na missão que iniciou nesta segunda-feira, dia 15, na cidade de Conceição de Alagoas, no Triângulo Mineiro. 

A equipe scalabriniana é formada por dois sacerdotes, duas leigas scalabrinianas da Pastoral do Migrante de Ribeirão Pires, SP e nove seminaristas do Instituto de Estudos Teológicos João XXIII em São Paulo. 

Na cidade, 25 por cento da população aproximadamente são migrantes, trabalhadores da usina de cana de açúcar e atividades afins. 

A missão scalabriniana encerra domingo, dia 21, com a celebração de missa com as famílias migrantes na paróquia de Conceição de Alagoas. 

Reportagem com Roseli Lara

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Encontro da Caritas e pastoral do Migrante- Londrina no PR

A Caritas e a Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Londrina realizaram no domingo, 30 de junho de 2013, a primeira manhã de integração com os Haitianos, sendo encerrada com um almoço. Esta Integração ocorreu na sede da CAPAS - Casa de Atendimento das Pastorais Sociais, que fica localizada na Rua Santa Marta,344 Londrina. Foi um momento importante para a Cáritas e Pastoral do Migrante, pois pudemos presenciar testemunhos e partilhas de experiências muito fortes vividas por estes imigrantes e as mais diversas expressões das fazes de adaptação que eles passaram. Nós da Caritas Arquidiocesana de Londrina agradecemos a todos que participaram desta manhã de Integração, especialmente os Pe. Roque e sua comunidade (Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro) , Pe. José Alves e sua comunidade (Paróquia Rainha dos Apóstolos) e Ir. Maria Viera que realizou uma dinâmica com o grupo para maior integração. 
Pudemos conhecer, ouvir e discutir a questão da migração na região de Londrina. Um momento importante para ser avaliado o papel do trabalho pastoral e das politicas publicas frente a esta realidade.

Fonte: Equipe Caritas e Pastoral do Migrante de Londrina

terça-feira, 16 de julho de 2013


1,2 MIL PEREGRINOS JÁ ESTÃO EM CURITIBA - PR


Cerca de 1,2 mil peregrinos inscritos para a Semana Missionária da Pré-Jornada Mundial da Juventude (JMJ), promovida em Curitiba pela Arquidiocese, já estão instalados na capital paranaense. Acolhidos em casas de famílias da comunidade, eles começaram a chegar no último domingo. Até a semana que vem, o número de fiéis deve chegar a 5 mil. A partir do dia 20, os grupos se preparam para seguir ao Rio de Janeiro, onde participam da JMJ – 20 mil curitibanos se juntarão aos peregrinos nesta viagem.
Ontem, peregrinos vindos da Polônia, Espanha, Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Argentina, Paraguai e Co­lôm­bia já interagiam com a comunidade em passeios e atividades religiosas. Há ainda brasileiros de outras regiões, como Amazonas e São Paulo, que também vieram ao Paraná para participar da Semana Missionária.
Embora sigam programação própria, as 80 paróquias que estão acolhendo os fiéis atendem a três eixos básicos na condução das atividades em grupo – solidariedade, cultura e fé. O padre Alexsander Cordeiro, do Setor da Juventude da Arquidiocese de Curitiba, explica que o primeiro diz respeito a ações sociais, como visitas a orfanatos e asilos; o segundo à troca de experiências entre jovens estrangeiros e locais, e o último a orações, missas e vigílias.
As atividades devem ficar mais intensas a partir de amanhã. “Nosso foco é a mensagem de que a fé precisa ser levada para fora da igreja. A fraternidade precisa contagiar o mundo”, diz o padre.
Durante a Pré-Jornada, os peregrinos ainda vão debater temas como o contexto social em que a juventude está inserida, bioética e o papel do jovem cristão no mundo.
Acolhida
A busca por famílias que pudessem acolher os peregrinos nesta Semana Missionária demandou mais de um ano. Segundo o padre Alexsander Cordeiro, Curitiba tem cerca de 10 mil lares dispostos a atender os fieis da JMJ. A dona de casa Maria Margarida dos Santos está com dois amazonenses sob seus cuidados desde sábado. “Levei-os para conhecer o mar. Eles ficaram deslumbrados”, conta. No próximo domingo, Maria também vai recepcionar um grupo de quase 60 colombianos.

Fonte: Gazeta do Povo


Acnur concede refúgio para 58 colombianos no Brasil

33 novos refugiados irão para o RS

O Alto Comissariado das Nações Unidas, Acnur, aceitou o pedido de refúgio de 58 colombianos que foram ameaçados de morte em seu país. Atualmente, eles estão provisoriamente no Equador, país de fronteira com a Colômbia. 

Os refugiados ficarão distribuídos em dois estados, sendo 33 no Rio Grande do Sul e o restante em São Paulo. Serão atendidos pelo programa mundial de reassentamento e refúgio, com a cooperação do Comitê Nacional para os Refugiados, Conare. 

Ouça a notícia


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Paranaense compõe Comissão que irá reformular a Lei de Migrações

O constitucionalista paranaense Clèmerson Merlin Clève, presidente da UniBrasil, foi indicado pelo Ministro da Justiça para integrar a Comissão de Notáveis que deverá redigir proposta de Anteprojeto de Lei de Migrações e Promoção dos Direitos dos Migrantes no Brasil. O objetivo é promover uma reestruturação da legislação referente aos estrangeiros no Brasil.
Anteriormente, na Portaria 1.947/2013 que cuidou da Conferência Nacional de Migrações e Refúgio, o Ministro José Eduardo Cardozo já havia postulado anecessidade de uma política pública que garantisse aos estrangeiros que se encontrem em território nacional a guarda dos direitos e garantias fundamentais. O Ministro ressaltou, também, o aumento dos fluxos migratórios no Brasil e a necessidade da elaboração de uma Política Nacional atualizada, que seja plural e democrática, voltada para as demandas dos estrangeiros.
A atual disposição normativa foi formulada durante a época da Ditadura Militar e, segundo o jurista e professor Clèmerson Merlin Clève, não guarda a devida sintonia com as garantias de Direitos Fundamentais previstos na Constituição de 1988. Clève já havia exposto suas reflexões sobre o tema na conferência realizada no início deste ano na Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha, Espanha, intitulada: Políticas Migratorias y Derechos Humanos: Desafíos y límites de los marcos regulatorioscomparados. Haciaunnuevo marco regulatorio: desafios de larealidad brasileña.

De acordo com o constitucionalista, a aposta do governo na criação da Comissão de Notáveis será um importante momento de diálogo entre a academia e a administração pública nacional, no que trata das intervenções que podem ser realizadas na máquina pública para o aprimoramento democrático das instituições nacionais.

sábado, 13 de julho de 2013

Lista dos Haitianos com Residencia Permanente no Brasil. Prazo de 90 dias a partir do dia 10 de julho de 2013 para regularizar a situacao junto a Policia Federal.

Cumprimentando-a, solicito a gentileza de Vossa Senhoria no sentido de que seja difundida a informação de que, por Ato publicado no Diário Oficial da União de 10 de julho de 2013, foi concedida permanência no Território Nacional aos nacionais haitianos abaixo relacionados, tendo em vista a autorização outorgada pelo Conselho Nacional de Imigração, com base na Resolução Recomendada nº 08/2006, c/c a Resolução Normativa nº 27/99-CNIg.
 
Processo Nº 08221.000377/2012-18 - ABELSONN LOUIME
Processo Nº 08221.000387/2012-53 - ALCIMENE FELIX
Processo Nº 08221.000458/2012-18 - ALDERSMITH MERCEDA
Processo Nº 08221.003571/2011-74 - ALTANIE BIEN-AIME
Processo Nº 08221.000355/2012-58 - AMILANCE ELVIUS
Processo Nº 08221.000457/2012-73 - CENOL MEUS
Processo Nº 08221.000460/2012-97 - CHRISTIANE LAINE
Processo Nº 08221.000357/2012-47 - DENOUALD ESTERLIN
Processo Nº 08221.000374/2012-84 - ELIBERT LAIME
Processo Nº 08221.000388/2012-06 - ELINORD FLEURIDORD
Processo Nº 08221.000684/2012-07 - EZECHIEL THOMAS
Processo Nº 08221.003575/2011-52 - FERNAND STERLING
Processo Nº 08221.000376/2012-73 - FRITZNEL LEVEILLE
Processo Nº 08221.002871/2011-36 - GERALD CYRIUS
Processo Nº 08221.000519/2012-47 - ISEMIE BERTILUS
Processo Nº 08221.003650/2011-85 - JACKSON JEAN
Processo Nº 08221.000358/2012-91 - JACQUELIN CELESTIN
Processo Nº 08221.000354/2012-11 - JACQUELINE ESTACIN
Processo Nº 08221.000683/2012-54 - JAMES JEAN BAPTISTE
Processo Nº 08221.000375/2012-29 - JEAN CLAUDE JACOTIN
Processo Nº 08221.000443/2012-50 - JEAN CLAUDE PIERVIL
Processo Nº 08221.000646/2012-46 - JEAN RIGAUD SAINT VICTOR
Processo Nº 08221.003577/2011-41 - JEANNOT SIMEON
Processo Nº 08221.000071/2012-61 - JOHNNY AGENOR
Processo Nº 08221.003542/2011-11 - JONACE ORTILIER
Processo Nº 08221.003642/2011-39 - JOSEPH EVENS FREDERIC
Processo Nº 08221.003610/2011-33 - JOSEPH JN BAPTISTE
Processo Nº 08221.003594/2011-89 - JURVENS DESTINE
Processo Nº 08221.000809/2012-91 - KERLINE JEAN
Processo Nº 08221.001514/2012-31 - LEONE ESTIME
Processo Nº 08221.000074/2012-03 - LUCKSON JEAN CHARLES
Processo Nº 08221.002920/2011-31 - MARIE ANGE FABIEN
Processo Nº 08221.000459/2012-62 - MARQUIS MENTOR
Processo Nº 08221.000415/2012-32 - MAXO PHAT
Processo Nº 08221.000075/2012-40 - MILIANE LOUIMA
Processo Nº 08221.000386/2012-17 - NAROSE JOSEPH
Processo Nº 08221.000385/2012-64 - PETUEL FRANCOIS
Processo Nº 08221.001663/2012-09 - PIERRE DIEUSSAIS
Processo Nº 08221.002845/2011-16 - ROSELOR MORAVIA
Processo Nº 08221.002855/2011-43 - SAPALSON GELIN
Processo Nº 08221.000456/2012-29 - SONIA ST PHARD
Processo Nº 08221.002788/2011-67 - SONY WILSON AUGUSTIN
Processo Nº 08221.000296/2012-18 - WATSON NORVILUS
Processo Nº 08221.000406/2012-41 - WESNER SERAPHIN
Processo Nº 08221.003648/2011-14 - WILNER DERISMAR
Processo Nº 08221.000685/2012-43 - WISKY SERGE THELEMAQUE
Processo Nº 08221.000669/2012-51 - WISLER OSCAR
Processo Nº 08221.000444/2012-02 - YONEL PIERRE SAINT
Processo Nº 08221.001573/2012-18 - FORTILUS PIERRE
 
Att.
 
Divisão de Estrangeiros do Ministério da Justiça

terça-feira, 9 de julho de 2013

INDÚSTRIA ‘HALAL’ EM DOIS VIZINHOS NO PR, EMPREGA REFUGIADOS MUÇULMANOS

O perfume de especiarias preenche o ambiente. Ayeda Lotfi Qodiseh cozinha. Os filhos e o marido acompanham o futebol pela televisão. De um cômodo a outro da casa de madeira, Ali, o filho do meio, anda e conversa aos berros com a mãe enquanto coloca os pratos na mesa. Samir, o marido, sentado no sofá, pede o isqueiro para Ammar, o primogênito, que lhe entrega, sem tirar os olhos da tela. Doha, a caçula, sai do quarto. A família tem visitas. Sarmad e Yamen, jovens de 20 e poucos anos, vieram para ver o jogo. Vão ficar para o jantar.
A cena poderia ser um retrato do cotidiano nos subúrbios de Bagdá. Mas as araucárias que se veem pela janela e, é claro, o exaltado locutor brasileiro da partida entre Palmeiras e Internacional denunciam que estamos no Brasil.
Um Brasil de sotaque árabe, onde, todos os dias, em média, 570 mil aves são abatidas em nome de Alá. Com pouco mais de 35 mil habitantes, Dois Vizinhos, no Paraná, já ganhou fama como a capital nacional do frango. Sua economia, baseada na avicultura, é a consolidação de um processo econômico de 30 anos, que trouxe, aos poucos, novos ingredientes à já plural formação cultural da cidade. Gaúchos descendentes de italianos que subiam para colonizar o oeste paranaense foram os primeiros a se fixar ali. Em seguida vieram os alemães, de Santa Catarina, os poloneses, oriundos de colônias mais ao sul, e os japoneses, que desciam do norte do estado.
O aumento na demanda de importação de carne de frango pelos países árabes nos anos 1980 gerou uma oportunidade para o setor. Assim como outros frigoríficos espalhados no Brasil, a empresa alimentícia sediada em Dois Vizinhos adaptou sua planta à exportação ao Oriente Médio. Para que o negócio seja efetivado, as aves devem ser sacrificadas de acordo com um conjunto de regras islâmicas que categoriza o alimento como halal, “ou seja, lícitos, liberados”, me explica o moçambicano Cubilas Juma Ibraim, o xeque da mussala de Dois Vizinhos, uma sala de orações que faz as vezes de mesquita. “As aves têm de estar viradas para Meca, e a pessoa que realiza o abate deve ser um homem muçulmano, que pronuncia a palavra bismillah [‘em nome de Deus’] toda a vez que sua faca tira a vida de um animal”, completa Imad Ismail, supervisor, em Dois Vizinhos, do Departamento de Halal do Centro de Divulgação do Islã na América Latina, que presta consultoria para o frigorífico.
A necessidade de homens muçulmanos para o halal trouxe os primeiros islamitas à cidade. Hoje, por volta de 50 estrangeiros, vindos de Palestina, Iraque, Jordânia, Líbano, Síria, Egito ou de países da África subsaariana, como Sudão, Costa do Marfim, Burkina Faso, Congo, Guiné e Senegal, estão contratados. Há também um número pequeno do Paquistão, de Bangladesh e, claro, do Brasil – alguns deles convertidos há pouco tempo. A maioria está em Dois Vizinhos como imigrante. Muitos, porém, tiveram a condição de refugiados reconhecida. Eles comprovaram que as razões para deixar os países de origem foram perseguição política, religiosa ou conflitos armados. Segundo o Ministério da Justiça, existem no Brasil, hoje, 4 500 refugiados.
A família Qodiseh está nessa lista, e viveu uma odisseia para chegar a Dois Vizinhos. Sentados na sala, enquanto tomamos café, servido em pequenas xícaras sem alça, Ali ajuda o pai, Samir, servindo-lhe de intérprete.
Filho de um palestino refugiado em Bagdá, Samir nasceu em 1953. Em 2003, a guerra no país colocou a família de novo em movimento. Assim como outros conterrâneos no Iraque após a queda do regime de Saddam Hussein, os Qodiseh corriam riscos com a onda de violência sectária por parte de milícias iraquianas. Ele e a esposa venderam tudo e partiram de Najaf, onde viviam, no interior, em direção à Jordânia. Ainda como refugiados palestinos – mesmo que fossem nascidos dentro de seu território, o Iraque não concedia cidadania aos palestinos –, os Qodiseh cruzaram a fronteira e se estabeleceram no campo jordaniano de Ruwaished, a 70 quilômetros do Iraque, sob a tutela das Nações Unidas.
Khaled Qodiseh, irmão de Samir, fez o mesmo em Bagdá, onde morava com a esposa, Ikhlas, e seus quatro filhos. Ao cruzar a fronteira entre o Iraque e a Jordânia, o primeiro grande problema apareceu. Por ser iraquiana, Ikhlas não podia ser aceita no campo. Durante seis meses, a família foi obrigada a ficar em outro acampamento, da Cruz Vermelha. Dois anos se passaram até que Khaled conseguisse se juntar ao irmão.
À espera de um destino, as famílias viveram todo esse tempo em barracas de lona. As temperaturas atingiam os 50ºC durante o dia. À noite, o frio imperava. Tempestades de areia e infestações de escorpião eram problemas cotidianos. Aos poucos, o campo de Ruwaished foi sendo evacuado até sua extinção, em dezembro de 2007. Ali Qodiseh, hoje com 20 anos, tinha 15. Sua prima Farah, filha de Khaled, tinha 5.
Em 10 de setembro de 2007, os Qodiseh deixaram a Jordânia. A família fez parte dos últimos 108 palestinos que foram trazidos de lá ao Brasil pelo programa Reassentamento Solidário, do Comitê Nacional para Refugiados, o Conare, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, em parceria com o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, o Acnur. O programa é dedicado ao atendimento especial de refugiados que já estiveram em outros países, ou seja, que receberam um primeiro refúgio antes de chegar ao Brasil. Aqui, foram levados a Mogi das Cruzes, em São Paulo, onde, por meio de uma organização não governamental, receberam documentos, aulas de português e apoio financeiro. A primeira oportunidade de trabalho surgiu para Ammar Qodiseh e seu primo Mohammed. Os dois jovens foram pioneiros em Dois Vizinhos. Os pais de ambos, os irmãos Samir e Khaled, se juntaram a eles depois de uma tentativa frustrada de se estabelecer em Chuí, no Rio Grande do Sul.
Pergunto aos Qodiseh o que acharam da cidade quando chegaram. A resposta é direta: muito tranquila, mas difícil para os estrangeiros. Ali, que já carrega o sotaque cantado dos paranaenses, conta sua história emblemática do dia em que um garçom de uma lanchonete lhe pediu para que parasse de conversar com os amigos em árabe, pois isso incomodava os outros clientes. Após um silêncio enfático, Ali sublinha com o olhar quão ofensivo isso lhe pareceu.
Ayeda, a mãe, fala que sente falta do convívio com outros moradores. “No Iraque, as pessoas se visitam muito. Moramos nesta casa há três anos, mas só começamos a conversar com uma das vizinhas após a morte de seu marido”, diz ela.
Dois Vizinhos é uma cidade jovem. Fundada em 1961, o conjunto arquitetônico é composto por belas casas de madeira, com pequenos jardins bem cuidados, onde as famílias se reúnem para o chimarrão nos fins de tarde, e residências de alvenaria e prédios de dois ou três andares nada charmosos – sintoma do progresso econômico. O comércio do centro é agitado. Os carros fazem filas na avenida principal e, às vezes, competem por espaço com uma ou outra charrete. Aos domingos, jovens montados em caminhonetes brilhantes circulam com música sertaneja em volume alto pelas ladeiras.
Em um conjunto de sobrelojas de um bairro afastado, o Igrejinha, vive a maioria dos estrangeiros não árabes que trabalham no abatedouro. Nos horários de troca de turno, é comum ver homens negros de quase 2 metros de altura caminhando pela longa rua em declive que se origina no alto do morro, onde está o frigorífico.
Encontro o senegalês Cheikh Beye à porta de um dos apartamentos, ao lado de uma loja que expõe fogões a lenha na calçada. Vestido com o uniforme da seleção de futebol do Senegal, Beye me cumprimenta sem levantar os olhos. Assim como outros encontros com africanos em Dois Vizinhos, ele a princípio se recusa a compartilhar sua história. Mas a presença de Ali Qodiseh, meu guia na cidade, aos poucos alivia a desconfiança.
Em 2009, com 30 anos, conta ele, em um português arrastado, Beye deixou a esposa em Dacar, capital de seu país, para buscar trabalho em São Paulo. Na metrópole, foi absorvido pelo comércio informal da rua 25 de Março. Dois anos depois, cansado de perder mercadoria para os fiscais, ele decidiu aproveitar a indicação de um amigo senegalês para trabalhar em um abatedouro no Paraná. Os planos de Beye incluem ficar no Brasil, mas não em Dois Vizinhos. “Em São Paulo, você se sente parte da multidão. Aqui, não. O ônibus pode estar lotado que ninguém se senta a nosso lado, mesmo se só tiver aquele lugar vago.”
Um pequeno livro, Português para Falantes de Árabe, repousa em uma mesa na casa de Ikhlas Qodsieh. Ela esforça-se para contar sua história em português, mas logo pede socorro à filha Farah Qodiseh, de 12 anos, que domina com fluência os dois idiomas.
Khaled, marido de Ikhlas, tinha problemas cardíacos. Quando chegaram a Dois Vizinhos, buscaram acompanhamento médico, mas não conseguiram realizar o exame pelo sistema público de saúde brasileiro. Khaled contatou o escritório da Acnur em Brasília para pedir ajuda financeira e recorrer a clínicas particulares. A garota, então com 7 anos, era a única que falava e compreendia nosso idioma. Farah conta, com veemência, que, meses depois, seu pai “não foi ao médico, teve um infarto e morreu”. A informação é confirmada em um aceno de cabeça de Ikhlas.
Segundo o Acnur, Khaled recebeu todo o apoio possível dentro das condições do programa Reassentamento Solidário – que atua por mais tempo com os refugiados realocados mais de uma vez (portanto mais vulneráveis) do que com aqueles que estão em seu primeiro asilo. Como Dois Vizinhos está fora da área de atuação de uma associação parceira – a mais próxima é a Associação Antônio Vieira, de Porto Alegre –, o acompanhamento de situações particulares é mais difícil. “Em um país do tamanho do Brasil, fica impossível ter logística e recursos para atender a todas as demandas. Por isso, recomendamos que permaneçam próximos às regiões em que haja uma instituição parceira”, diz Andrés Ramirez, representante do Acnur no Brasil.
Após o término dos benefícios do programa em 2011, Ikhlas conta com a ajuda dos filhos, e vive com as filhas Farah e Hanan, de 21 anos, que trabalha, estuda e faz cursos profissionalizantes – sua jornada de três períodos impede que eu a encontre em sua casa. Farah, porém, está sempre com a mãe. Sorridente, traz, orgulhosa, o boletim do colégio enquanto conta que quer ser médica. Ao lado das notas do terceiro bimestre, sua caligrafia, ainda infantil, declara: “Passei!” O único espaço em branco é ao lado da matéria de ensino religioso. “Mas essa não vale nota”, diz.
Quando transcrevo o nome da garota em meu bloco de anotações e mostro para Ikhlas conferir a grafia. Ela confirma: “Farah. ‘Alegria’”.
O jantar está quase servido. Na casa da família Qodiseh, o clima é de festa. Ammar provoca Ali com sua camisa vermelha do Internacional. O time vence o Palmeiras por 2 a 1. Doha vem do quarto observar os últimos minutos da partida. Os jovens Sarmad e Yamen, no Brasil há pouco, interagem menos. Ainda não tiveram tempo de ser arrebatados pelo culto ao futebol brasileiro. Samir, o pai, observa a movimentação sentado no sofá. E fuma, quieto.
Ayeda Qodiseh põe os pratos na mesa: biryani, um arroz cozido com especiarias, macarrão, frango, batata, amendoim e ervilha. O iogurte é caseiro, e serve tanto para cobrir o biryani quanto como bebida, em versão mais líquida, batida no liquidificador com um pouco de sal.
Repetimos os pratos. Dona Ayeda está satisfeita com a casa cheia. Só depois de todos comerem, ela se senta à mesa. Sorri e murmura algo para o filho traduzir. Ali, com seu inconfundível sotaque paranaense, diz: “Piazada, esta casa é de vocês! As portas estão sempre abertas”.
Confirmo, então, a frase que li em um panfleto que me foi entregue na mussala de Dois Vizinhos. “O profeta disse: ‘Não é um crente aquele que enche seu estômago enquanto seu vizinho está com fome’.” E, em meio aos perfumes e às vozes que tanto viajaram, degusto meu café e a hospitalidade árabe nos rincões do Paraná.
Fernando Honesko
(NatGeo Brasil – 04/07/2013)

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Anistia migratória na Bolívia deve sair até 8 de agosto

Pastoral da Mobilidade Humana acompanha elaboração do decreto

Segundo o padre Aldo Pascualoto, o texto do decreto da anistia migratória na Bolívia está praticamente pronto e deve ser publicado pelo presidente Evo Morales em 8 de agosto.

A anistia faz parte do processo de implantação da nova lei de migrações publicada em 8 de maio, com regras que disciplinam a situação da migração no país.

Além da igreja Católica, associações da sociedade e governo participam da elaboração do texto.

Detalhes na reportagem de Roseli Lara

Estrangeiros encontram espaço de acolhida na Pastoral da Migração

Centro de Caxias atende grande número de haitianos e senegaleses



Frei Osmar Otávio Júnior (apresentador), padre Gilmar Marchesini e Irmã Cleci Maria Batin. (Foto: José Theodoro)
Frei Osmar Otávio Júnior (apresentador), padre Gilmar Marchesini e Irmã Cleci Maria Batin. (Foto: José Theodoro)
O programa Razões da Fé deste fim de semana, aborda o trabalho da Pastoral do Migrante, fazendo uma reflexão com pessoas que atuam nessa missão. A pastoral visa ser um espaço de ajuda e acolhida aos refugiados e migrantes sendo um instrumento para contribuir fornecendo informações e serviços prestados aos migrantes. 

O programa vai ao ar às 22h na RedeSul de rádio, São Francisco de Caxias do Sul, Fátima de Vacaria, Cacique de Lagoa Vermelha, Alvorada de Marau, Veranense de Veranópolis, Garibaldi de Garibaldi, Maristela de Torres, Sarandi de Sarandi, Cristal de Soledade, Rosário de Serafina Corrêa, Aurora de Guaporé, Cultura de Campos Novos. Transmitem também esse programa a rádio Miriam de Farroupilha e Webradio Migrantes.

Foram convidados a Irmã Cleci Maria Batin – Scalabriniana e atua no Centro de Atendimento ao Migrante. E o padre Gilmar Paulo Marchesini, da paróquia Menino Deus em Caxias do Sul e da Escola Fé, Política e Trabalho.

Ouça aqui.
por José Theodoro (Rádio São Francisco)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

QUEM SÃO OS REFUGIADOS NO BRASIL


Durante seminário realizado no dia 11 de junho passado, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foram debatidas as diretrizes de um estudo que vai traçar o perfil dos refugiados, solicitantes de refúgio e apátridas – pessoas sem qualquer nacionalidade reconhecida – que vivem no Brasil.
O projeto foi apresentado a um grupo de alunos do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília (UCB), que participará da iniciativa cedendo vinte voluntários para a fase inicial.
A pesquisa é resultado de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) do Instituto com o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) e o Comitê Nacional de Refugiados (CONARE) – vinculado ao Ministério da Justiça.
A parceria tem duração de cinco anos e prevê uma série de estudos relacionados à população de refugiados no país.
O objetivo é mapear as políticas e programas para o refúgio no Brasil, por meio de uma coleta e análise das bases de dados das instituições de maior interesse, além de entrevistas com grupos focais, formados por pessoas refugiadas no país.
“Temos uma excelente legislação de proteção dos refugiados, mas reproduzimos o que ocorreu há décadas, quando da imigração de italianos e japoneses.
Quando saem dos aeroportos, dizemos tchau”, ressaltou o coordenador da Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (COBRADI) no Instituto, João Brígido Bezerra Lima.
Segundo ele, nesta pesquisa inicial serão analisados cerca de 3 mil processos deferidos entre 1998 e 2013, que fundamentarão as análises subsequentes.
Para o representante do ACNUR, Gabriel Godoy, este é um projeto histórico. “O Brasil é parte da Convenção de 1951 – relativa ao Estatuto dos Refugiados – e tem uma das legislações mais avançadas do mundo, contudo pouco conhece sobre o perfil das pessoas refugidas em território nacional”, destacou.
E acrescentou que a partir desta pesquisa inicial já será possível saber quem são, onde estão, o que estão fazendo e em que condições vivem os refugiados no Brasil e assim, contribuir com o CONARE no sentido de pensar políticas públicas para a integração dessa população ao país.
De acordo com o coordenador do CONARE, Virginius Lianza, este é o primeiro passo para um trabalho muito maior, que é o de proteção, apoio e integração desses refugiados no país.
“Por duas décadas, o mundo acolheu brasileiros que foram expurgados de sua terra por defenderem seus ideais. Agora é a nossa vez de amparar aqueles que precisam”, lembrou Lianza.
Falando do apoio da UCB ao projeto, o professor do curso de Relações Internacionais da instituição de ensino Tágory Figueiredo observou que uma universidade não pode pautar seu trabalho somente no mercado de trabalho ou na pesquisa.
“Essa parceria vai contribuir para consolidar na prática os conhecimentos obtidos nas salas de aula.
É uma oportunidade única para que os alunos vejam para que serve a teoria”, observou o especialista em Direito Internacional.
Refugiados no país
O Brasil foi o primeiro país na América do Sul a elaborar uma legislação específica, tendo sido também um dos pioneiros na adesão ao regime internacional para os refugiados – ratificou a Convenção de 1951, relativa ao Estatuto dos Refugiados, em 1961, e seu Protocolo de 1967, em 1972.
Entre 1998 e 2013 foram registrados 2.389 processos deferidos de reconhecimento no país, de acordo com a lei n° 9.474.
Uma parte desses refugiados chegaram ao país por meio do programa de reassentamento – a maioria de colombianos vindos do Equador, enquanto a grande maioria foi reconhecida por vias tradicionais de elegibilidade – boa parte proveniente de África, em especial da Angola e a República Democrática do Congo.
Os processos de solicitação de refúgio, acolhimento e integração são realizados pela cooperação entre o Estado, a sociedade civil, o ACNUR, o que remete à estrutura tripartite do sistema de proteção para refugiados no Brasil, o CONARE.
De acordo com a ACNUR, refugiados, geralmente, se deslocam a centros urbanos e encontram moradia em vizinhanças pobres e lotadas, onde o governo já luta por fornecer serviços básicos.
Nesses casos, o acesso à moradia adequada permanece um desafio devido aos elevados aluguéis e requisitos de documentação. Muitos obtêm emprego na economia informal, competindo com pessoas locais por trabalhos perigosos e mal pagos.
Outros ainda permanecem na ilegalidade e procuram a invisibilidade com medo de arresto, detenção ou de ser deportados, ficando expostos ao assédio, exploração e tráfico humano de pessoas.
Os impactos mais significativos da presença de pessoas refugiadas são geralmente sentidos a nível local, no acolhimento pelas próprias comunidades. Refugiados podem enfrentar discriminação e marginalização pela população local.
A falta de informação e desconhecimento do tema pela sociedade tende a resultar na má interpretação do significado da palavra refugiado, que aparece em sua identificação oficial, e muitas vezes são confundidos com foragidos ou fugitivos da justiça, dificultando ainda mais a sua integração social e laboral.
(A Crítica – 18/06/2013)